Aligação de Raul Brandão com o mar
pelo nascimento foi projectar-se em Os Pescadores. Nesta
obra, o autor ofereceu-nos belas telas ricas de cor e luz, dos vários
elementos colhidos na natureza. O entardecer nas suas várias cambiantes,
conforme o lugar e o tempo, é descrito em pinceladas fortes com verbos
no presente a acção em decurso e com o subjectivismo do
autor arrastado pelo sonho a transpor para as telas, que sugere, a
tragédia de um poente tempestuoso à beira-mar que é sempre
temível para os pescadores.
Além de belos quadros paisagísticos,
também nos oferece sugestivos retratos o do faroleiro, a velha da
Foz do Douro, a sanjoaneira, a mulher da Afurada, de Mira «feia mas
esbelta (que) tem um ar grave e senhoril quase sempre», a heróica
Ti Ana Arneira da Gafanha, a mulher da Murtosa «baixa e
atarracada», a de Ovar «delicada e forte, alta e bem proporcionada,
cheia de predicados domésticos e morais», a poveira «a bem
dizer um homem», a Rata da Foz.
É evidente a simpatia de Raul
Brandão pela sua dolorosa vida difícil, de trabalho, de
explorados.
Os Pescadores (1923) e As Ilhas
Desconhecidas (1926) são muito mais que dois livros de
viagens, pois revelam-nos um Raul Brandão com a curiosidade e
perspicácia do jornalista profissional que, de facto, tinha sido
antes.
Também não esqueçamos que
Brandão escreveu várias peças de teatro, o que o levou a
considerar a dramaturgia como elemento essencial e vigorador da sua
práctica literária. |
Em 1888 ingressou na Escola do Exército, em Lisboa,
para agradar aos pais. Em 1889 esteve envolvido na formação do
grupo Os Insubmissos e da revista com o mesmo nome, que coordenou. Em
1890 estreou-se como escritor com a colectânea de contos
Impressões e Paisagens. Participou activamente em vários
movimentos de renovação literária.
Com Júlio Brandão e João de
Castro dirigiu a Revista de Hoje (1895) e encetou uma carreira
jornalística no Correio da Manhã.
Em 1896, depois de concluído o
estágio na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, foi colocado
em Guimarães, como alferes. Conheceu Maria Angelina, com quem veio a
casar. Em 1906 viajou pela Europa, na companhia da esposa.
Em 1911 pôs fim à carreira militar,
reformando-se do exército em 1912. Quando resolve retirar-se da vida
militar, inicia o período mais produtivo a nível
literário. Publicou dezenas de obras.
As mais conhecidas são Os Pobres
(1906), Húmus (1917), Os Pescadores (1923) e As Ilhas
Desconhecidas (1926). Raul Brandão dedicou Os Pescadores
à memória do seu avô, morto no mar. |
Um exemplar da série "Literatura
Portuguesa", de tipografos.net. Ilustrado com algumas fotografias de Artur
Pastor e P. Heitlinger. 185 páginas, PDF ao alto.
Interessado?
Faça o download de 6
páginas!. ("A pesca do Atum"), PDF de 0,3 MB) |
Quando Raul Brandão visitou os
Açores em 1924, escreveu um relato chamado "As Ilhas Desconhecidas".
Hoje, quase 100 anos depois, os Açores continuam desconhecidos para
muitos Portugueses. Agora poderá conhecer as nove ilhas no meio do
Atlântico.
Conheça o livro de Raul Brandão
As Ilhas Desconhecidas, na versão
digital. |