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Jan Tschichold (1902-1974)

A personalidade central da tipografia vanguardista do século XX. Foi uma figura singular, expoente bipolar das duas grandes correntes estéticas que dominaram a tipografia do século XX: a ousada «nova tipografia» e o revivalismo da tipografia clássica, orientada pelas convenções seculares em vigor desde a Renascença.

Nascido em Leipzig, Jan Tschichold praticou pintura de letras e caligrafia desde muito jovem. Tinha material suficiente e de primeira escolha; Leipzig, em Sachsen (Saxónia), era um dos grandes centros da tipografia alemã. (Ainda hoje se realiza aí uma importante feira do livro, a Leipziger Buchmesse).

JT

O seu desejo era seguir Belas Artes e ser pintor-artista, mas os seus pais não apoiavam a perspectiva e orientaram Jan para um ofício mais seguro, tentando persuadi-lo a enveredar por uma carreira de professor de desenho.

Mas o jovem Jan Tschichold foi-se introduzindo no mundo da caligrafia e na arte de fazer livros. O seu livro de cabeceira era Writing, Iluminating and Lettering, obra do calígrafo e tipógrafo britânico Edward Johnston.

Passava longas horas no Museu da Imprensa de Leipzig, absorvendo avidamente todo o património histórico arquivado nesse edifício.

Em breve, Jan era perito em Buchgestaltung clássica. Mas, longe de ser um «rato de museu », Jan orientava-se para a actualidade; a visita da Bugra (Feira do Livro e das Artes Gráficas de Leipzig) em 1914 foi uma das experiências que o moldaram – com a idade de 12 anos.

Os seus conhecimentos de francês e latim, adquiridos em Grimma, e a sua cultura humanista, serviramlhe para se introduzir na tipografia clássica.

Passou pela Escola de Artes e Ofícios de Dresden, para logo regressar a Leipzig.

Dedicava inúmeras horas ao estudo dos livros da Biblioteca da Federação de Impressores de Leipzig, onde aprofundou o seu saber sobre tipografia clássica, especialmente Fournier, e começou a coleccionar livros antigos.

Em 1921, com 19 anos, o director da Academia de Belas Artes de Leipzig, Walter Tiemann, propõe-lhe começar a dar classes de caligrafia neste estabelecimento.

Entre 1921 e 1925 desenhou cartazes caligráficos para várias das feiras comerciais que tinham lugar em Leipzig. Alguns dos seus trabalhos para a editora Insel Verlag foram seleccionados para uma exposição internacional de caligrafia em Viena, em 1926 – evento em que se mostraram obras dos consagrados Eric Gill, Edward Johnston e Alfred Fairbank.

O seu interesse pelo desenho de tipos levou-o a fazer alguns esboços de letras para a empresa Poeschel und Trepte. A carreira profissional de Jan começara, mas o que despoletou o seu violento interesse pela tipografia de vanguarda – a neue typographie – foi a visita à exposição da Escola Estatal Bauhaus em Agosto de 1923.

Conheceu assim a primeira exposição da Bauhaus em Weimar e o soberbo catálogo que para o evento desenhou Herbert Bayer.

Cartaz de Tschichold
Cartaz de Jan Tschichold
"Plakate der Avantgarde. Ausstellung der Sammlung Jan Tschichold", 1930

Weimar foi o primeiro sítio onde J.T. teve a oportunidade de admirar arte moderna – e ver a tipografia tratada como meio de comunicação. Vivamente impressionado pela ruptura que os movimentos de vanguarda articulavam, deixou-se contagiar pelas mensagens vitais do movimento holandês De Stijl, do Suprematismo e do Construtivismo russo.

a neue typographie

A viragem radical operada na sua concepção tipográfica ficou em evidência num cartaz para a editora de Varsóvia Philobiblon, onde aplicou as ideias formais do Modernismo, como

  • a composição assimétrica
  • e os eixos inclinados.

Jan Tschichold começou a afastar- se da tipografia tradicional que havia estudado em Leipzig.

Em München (Munique), fez cartazes para o cinema Phoebus Palace, usando tipografia audaz, fotografias e cores planas, influenciado por El Lissitzky, Moholy-Nagy e Man Ray.

Cartaz de Tschichold
Cartaz de cinema de Jan Tschichold
"Die Frau ohne Namen. Zweiter Teil", 1927
Fotoklischee, Buchdruck auf weißem, gestrichenem Papier

Em 1928, J.T. revela as suas qualidades de comunicador publicando a sua famosa obra die neue typographie. Já em 1926, por recomendação de Paul Renner, Tschichold tinha ido para Munique ensinar na Escola dos Mestres de Artes Gráficas, onde deu aulas até ser expulso pelos nazis em 1933.

“Tschichold, que nunca deu aulas na Bauhaus, foi o que melhor materializou as ideias da Bauhaus”, afirmou com razão Albert Kapr, mestre-tipógrafo da velha escola alemã. Leia o seu famoso artigo sobre a «elementare typographie».

Para Tschichold, o importante da nova tipografia era adaptar-se à necessidade principal dos leitores: menos tempo disponível para absorver as informações.

Assim, professa a favor de uma tipografia em conformidade com o tempo em que vive, cujas características principais colocariam a mensagem numa situação de mínimo ruído, através da economia e precisão de elementos.

A maior parte dos impressos anteriores à nova tipografia trazia uma paginação centralizada, bordas decorativas e uma ecléctica mistura de diversos tipos.

A ausência de dinamismo do eixo central incomoda extremamente Tschichold, que o considera pretensioso e antiquado, por impor uma rigidez artificial aos layouts.

Em oposição a esta estética, ele propõe que a forma derive sempre da função do texto. Para atingir a disposição ideal, seria imprescindível incorporar a assimetria, valorizar os espaços brancos, explorar os contrastes e fazer uma utilização inteligente da cor.

Os anos em Basel
Tschichold, Jan

Muitas vítimas da repressão nazi escolheram a Suíça como país de exílio, e entre elas, Tschichold. Ali foi influenciar de forma determinante a evolução da tipografia suíça.

Tschichold passou anos de sacrifícios até conseguir o direito de residência em Basel; contudo, preferiu viver na Suíça até à sua morte em 1974 – com a excepção de uma estadia em Londres, onde reformulou o design da série de livros de bolso Penguin Books.

No exílio em Basel, Tschichold reconsiderou os seus postulados de juventude, pareceu-lhe ter exagerado e ter sido dogmático, e decidiu voltar à tipografia tradicional e aos layouts de composição simétrica.

Com esta viragem de 180º regressou ao ponto por onde tinha começado a sua carreira. Vários colegas, entre eles um empoladamente polémico e dogmático Max Bill, não lhe perdoaram este retorno às tradições – mesmo depois de Jan Tschichold ter apresentado trabalhos tão convicentes como a sua fonte renascentista Sabon.

Exemplos do desenho de livros de JT, no seu período «clássico»

Excertos de um artigo de Richard B Doubleday, publicado na revista Baseline

elementare typographie
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Jan Tschichold at Penguin Books

A Resurgance of Classical Book Design

by Richard B Doubleday

A fonte Sabon
Sabon

A fonte Sabon é o resultado de um programa conjunto da Linotype, Stempel e Monotype, que queriam uma fonte que fosse disponível para composição manual, composição mecânica (linotipia) e fotocomposição.

O tipo deveria ter como ponto de partida os desenhos de Claude Garamond no século XVI.

Algumas publicações de JT
  • Depois do ‘tiro de canhão’ que foi o pequeno caderno elementare typographie,
  • Jan Tschichold publicou em 1928 o livro die neue typographie (a nova tipografia), o primeiro manual do desenho tipográfico moderno.
  • die neue typographie foi o primeiro livro que Tschichold escreveu e compôs na totalidade; tornou-se o grande manifesto renovador das artes gráficas.
JT

die neue typographie, dirigida a tipógrafos, paginadores, impressores e publicistas, tornou-se em apenas um ano a obra de referência para orientar os profissionais sobre os princípios modernos da composição e da tipografia.

Publicada em 1928, die neue typographie é, possivelmente, a melhor obra sobre Tipografia do século XX.

Pela primeira vez um livro relacionou o design tipográfico e editorial com as tendências artísticas, as necessidades técnicas e as mudanças sociais da época. Ao mesmo tempo, discute e sugere, com rigor, a normatização da Nova Tipografia na composição dos textos e na organização das páginas.

Publicou-se uma tradução americana da Neue Typographie de Jan Tschischold por Ruari McLean, que consegue ser muito fiel ao original alemão de 1928.

Recorreu-se a fontes, disposições de página, tipos de papel e de encadernação semelhantes, sendo a única concessão contemporânea a composição usando computador e a impressão com meios actuais.

Bibliografia

IDEA NO. 321 : Works of Jan Tschichold. Feature: Works of Jan Tschichold 1902-74www.idea-mag.com/

Active literature: Jan Tschichold and New Typography www.hyphenpress.co.uk/

Página actualizada em 2014

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