Segundo o autor, esta sua obra é a primeira do
género a ser editada em Portugal, suprindo uma lacuna importante na
difusão da caligrafia, da ortografia e da aritmética por meio de
manuais em língua portuguesa.
A obra é dividida em quatro tratados:
o primeiro ensina o idioma português, com o objetivo
de ler e escrever perfeitamente;
o segundo apresenta os diversos caracteres e tipos de letras
que se usavam naqueles tempos;
o terceiro fornece as regras da ortografia portuguesa;
o quarto ensina as noções básicas de
aritmética.
A obra propagava de forma simples o conhecimento acumulado
pelo autor, bem como difundia os preceitos e concepções da
época.
Utiliza um estilo coloquial e de fácil acesso a
qualquer leitor, fugindo da linguagem erudita. As observações
são pautadas pelo domínio absoluto da prática da
caligrafia e pelo manejo dos instrumentos e materiais respectivos.
Pelas suas características, deve ter-se tornado obra
muito difundida no seu tempo, fazendo-se circular por todo o reino de Portugal.
No Brasil, são conhecidos exemplares na Biblioteca
Nacional, na Biblioteca do Santuário do Caraça (Santa
Bárbara, Minas Gerais) e no Gabinete Português de Leitura (Rio de
Janeiro).
Em Portugal, foi referência para obras posteriores,
como a Nova Arte de Escrever, de Antônio Jacinto de Araújo
(1793), e as Regras Metódicas, de Ventura da Silva (1803).
Manoel de Figueiredo atingiu fama e reconhecimento. No
manual Nova escola para aprender a ler, escrever e contar, são
detalhadamente descritos os materiais e instrumentos para a boa caligrafia.
Manoel de Figueiredo discorre sobre as
características dos suportes da escrita, fornece receitas de tintas e
apresenta, em 46 gravuras a buril, exemplos de vinhetas e cercaduras em
florões, pássaros, animais, anjos e cavaleiros em desenhos
figurativos ou caligráficos, compostos a partir do movimento da pena
sobre o papel em riscos circulares entremeados.
Além disso, fornece modelos de letras romanas,
grifas, góticas e antigas, ensinando como grafar cada uma, além
de fornecer exercícios de caligrafia.
Discorre sobre o uso de cada tipo de letra e sua
função, de acordo com as características do documento.
Apresenta quatro modelos diferentes de letras capitulares
adornadas, das mais rebuscadas às mais simples.
A Nova Escola, impressa com licenças do
Santo Ofício, do Ordinário e do Paço, também
orienta sobre a forma correcta de o mestre repreender seus alunos. O
castigo não se encobre com o amor, pois o mesmo Deus aos que ama
castiga. E o castigo se é demasiado parece tirania, se proporcionado
é remédio, escreve Figueiredo.
A Nova Escola é considerada uma
revolução do ensino no século 18 pela
publicação O pensamento pedagógico em
Portugal, escrita por Rogério Fernandes (Biblioteca Breve).
Andrade de Figueiredo atribuía largo alcance
social à educação. As qualificações dos
súditos, assegurava sem hesitações, provêm da sua
aplicação enquanto meninos e do ensino dos mestres, escreve
o autor. Rogério Fernandes observa, ainda, que Manuel de Andrade de
Figueiredo recusava o método global e preconizava o método
silábico, pois, na formação das sílabas
consistiria o principal e o maior trabalho do menino.
Ao analisar a gramática, Rogério Fernandes
afirma que «o autor atribuía à impreparação
metodológica dos docentes o fato de os discípulos penarem
longamente nas escolas sem aprenderem a ler.»
No entendimento de Rogério Fernandes, Andrade de
Figueiredo tinha uma percepção muito nítida das
necessidades dos professores nas escolas elementares. Ele destaca que
a Nova Escola é, por isso mesmo, a obra pedagógica
portuguesa do século 18 que mais diligencia inserir-se na realidade
escolar, na medida em que pretende constituir um ponto de apoio para o
docente. |