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João V

O reinado de João V foi um período de significativo avanço das «artes gráficas» em Portugal.

Destacou-se Manuel de Andrade de Figueiredo (1670–1735), que estabeleceu o que se poderia chamar a «letra caligráfica portuguesa».

Foi o rei que mais se dedicou à Biblioteca Real, servindo de referência para a sua acção a composição feita por Francisco Xavier da Silva (Elogio Fúnebre e Historico, 1750):

''Estimou como verdadeiro sábio os livros mais do que quantas preciosidades lhe comunicou felizmente a fortuna, não se contentando sem os ter no seu próprio Palácio. Havia nelle só hum pequeno resto da Livraria antiga da Serenissima Casa de Bragança; mas o mesmo Rey o Senhor D.João V a augmentou com muitos mil volumes, que mal cabem em huma grandissima sala do edificio chamado o Forte, não obstante estar toda pelo meyo dividida em estantes para se poderem accomodar. Louva-se nella as edições mais raras, e hum grande numero de manuscritos; além de immensidade de livros politicos, e Ecclesiasticos, que fez tirar de todos os Estados de Italia, e entre elles se achaam os Diarios Pontificos, Rituaes, e Cerimoniaes, que todos fazem hum avultadissimo corpo. Admiraveis são tambem as duas Livrarias, que mandou ordenar, huma em o Convento de Mafra, e outra no Collegio dos Padres da Congregaçao do Oratorio em Alcantara ....''.

A citação serve para dela se deduzir algo da história da Biblioteca Real, já então instalada na Casa do Forte do Paço da Ribeira (ao que se sabe no terceiro piso), mas de pequeno vulto, essencialmente com o espólio da Casa de Bragança, como dinastia reinante. Permanece a dúvida quanto à localização da Livraria antiga, dos reis de Avis.

Pelo mesmo Elogio se sabe que em 1719, João V visitou a Torre do Tombo na Alcáçova ''observando tudo com grande satisfaçao, e curiosissimo exame.''

No ano seguinte, funda-se a Academia Portuguesa de História e uma das sua iniciativas é a que resultou no célebre núcleo de códices de ''Jesuítas na Ásia'' hoje existente na Biblioteca da Ajuda, fundamental para a história do Oriente.

Igualmente de Roma e do Vaticano nos vinha outro núcleo de códices, a Symmicta Lusitanica e tal como em Macau, na consulta e cópia sistemática da documentação dos arquivos, formavam um corpus da gesta portuguesa.

João V repetia os mesmos passos de Manuel I com a Leitura Nova, cujo acervo vira com tanto agrado na Torre do Tombo. Ao mesmo tempo, em Paris, Viena, Londres e Amsterdão, os seus embaixadores procediam a enormes compras de livros e colecções de estampas de cuja grandiosidade existem indícios seguros, nomeadamente das compras de gravuras efectuadas em Paris.

Dessas longas séries iconográficas, apenas um álbum da Biblioteca joanina, comprado em Londres, subsistiu e mesmo assim readquirido em leilão (1990) e regressado à Biblioteca da Ajuda.

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