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Trilogias de fontes, clãs de fontes

Clãs de fontes com famílias serifadas, sem serifas e de serifa grossa

Segundo Sauthoff, Wendt e Willberg, foi Eckerhard Schumacher-Gebler o primeiro a usar a expressão Schrift-Sippe (clã de fontes) para esta forma de variar e combinar estilos, formando clãs de fontes.

A Rotis de Otl Aicher

A Lucida (1984)

Quando o suíço Adrian Frutiger implementou um sistema numérico para calibrar e designar todos os cortes, pesos e estilos da sua célebre Univers, deu um passo importante na sistematização do desenho de tipos.

Contudo, a ideia de introduzir no desenho de fontes um leque de variantes guiado por um sistema racional não foi invenção sua; remonta à Century Roman, lançada pela American Type Founders Corporation (ATF) em 1894.

Essa ATF, nos seus primeiros anos dirigida pelo dinâmico Robert Nelson, foi a pioneira da oferta de families of types. Na Century manifestase com toda a clareza o conceito de família de fontes, com versões condensadas e com pesos desde o Light até ao Ultra-bold. Todos as variações possuíam um corte itálico. Também a Cheltenham foi editada como família de fontes.

Mas a evolução não parou aí, obviamente. De 1931 a 1937, o tipógrafo holandês Jan van Krimpen (1892-1958) desenhou para a fundição Enschedé & Zonen, e paralelamente para a Monotype Corporation, a Romulus Antiqua – nos cortes e pesos Normal, Demigras, Gras, Gras Condensed e Oblique.

A Romulus Grotesk, a versão de letra sem serifa, foi desenhada por van Krimpen nos pesos Light, Normal, Demigras e Gras. Esta grotesca correspondia, tanto nas proporções internas como na altura dos ascendentes e descendentes, às formas da letra serifada. Van Krimpen tinha criado o primeiro clã de fontes, com uma família serifada e uma sem serifa.

Só que nos anos 30, esta orientação não parecia ter futuro. Com o amadurecer da informática nos anos 70, estas combinações fizeram escola (e geraram grandes negócios).

No seguimento de Adrian Frutiger vieram outros especialistas da nova disciplina do typeface design para alargar os clãs de fontes com sistemáticas próprias.

Se fora útil (e comercialmente proveitoso) abrir o leque dos pesos do Ultra-Light até ao Super- Expanded, depressa se criaram mais fontes serifadas, vendidas juntamente com as suas primas sem serifas. E com variantes de serifa-grossa, porque não?

Nasceu assim o conceito das trilogias. Em primeira aproximação, esta abordagem concebe as letras estruturadas por um esqueleto interno que define a forma básica dos glifos. A partir deste esqueleto, a letra poderá ter mais ou menos «carne»; poderá ser Light, Regular, Medium, Bold ou Ultra.

Mas também poderá ter serifas pronunciadas, ou serifas mais pequenas – ou nenhumas serifas, mutando numa grotesca.

 

Depois de Adrian Frutiger, foi outra vez um profissional holandês a fazer evoluir as famílias de fontes. Gerard Unger, typeface designer de grande reputação, desenhou para a Hell GmbH em 1975-76 a romana serifada Demos, com características específicas para composição de jornais; em 1977, essa Demos foi combinada com a sem serifa Praxis, ajustada em proporção de formas e nas grossuras de traço à Demos.

A Rotis de Otl Aicher

A trilogia ASE de Kurt Weidemann

A Lucida (1984)

   
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