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Jan van Krimpen (1892 - 1958)Tipógrafo neerlandês do século xx. Jan van Krimpen trabalhou quase toda a sua vida profissional na oficina da Fundição Enschedé em Haarlem. Van Krimpen criou o primeiro clã de fontes.De 1931 a 1937, Jan van Krimpen desenhou para a fundição Enschedé en Zonen, e paralelamente para a Monotype Corporation, a Romulus Antiqua nos cortes e pesos Normal, Demigras, Gras, Gras Condensed e Oblique.
De todos os tipógrafos que se inspiram na Tipografia clássica, o Holandês Jan Van Krimpen, foi o mais austero de todos. Embora tivesse estudado e praticado caligrafia, os desenhos das letras não punham em evidencia esse estudo, como se pode verificar nos trabalhos de Zapf ou Dwiggins. Os seus tipos são recriações refinadas das formas do passado, porém ficam longe de serem consideradas meras antiguidades, ou seja, são reinterpretação que não conduzem a uma nova versão de um tipo antigo, mas sim manter vivo as formas tradicionais. Jan Van Krimpen trabalhou quase toda a sua vida na oficina de Jon Enschedé em Haarlem (Holanda). Essa fundição de tipos foi fundada no século XVIII pela própria família, e entre 1737 e 1743, editou o jornal Oprechte Haarlemsche Couraut. A Fundição fez um acordo com o governo holandês para a criação de selos de correios. Em 1923, Jan Van Krimpen chamou atenção de Johannes Enschede, director da Fundição Enschedé em Zonen, devido a um selo que tinha criado. Além dos tipos, dedicou-se também a desenhar livros. O 1º livro que criou foi o catálogo de fundição, e os que seguiram foram os das edições de luxo de alguns editores fascinados pela reputação de Enschedé. Colaborou também com a Nonesuch Press de Francis Meynell, as edições Plêiade and Pregasus Press e mais tarde o Limited Editions Club of New York de Frederic Ward (1927); Curwen Press (1929), de Oliver Simon. Jan Van Krimpen continuava a desenhar tipos. Criou o tipo grego Antigone (1927). Em 1931, Jan Van Krimpen cria o tipo Romulus, e segundo Beatrice Warde, foi o tipo que mais êxito teve ao longo da sua carreira como tipógrafo. A ausência das características caprichosas de Lutetia, assim como a sua forma vertical o convertem num tipo de proporções agradáveis e a forma que ainda hoje apresenta a mesma frescura desde do momento em que foi apresentada pela primeira vez. Durante a II Guerra Mundial, Van Krimpen e os colegas W.G Hellinga e A.A. Balkena, continuaram a produzir trabalhos de boa qualidade e é nestes anos difíceis, que nasce o melhor tipo de Krimpen, desenhado de propósito para o editorial Spectrum de Utrecht, entre 1941 e 1943. Em 1955 foi editada para Monotype. Spectrum foi o último tipo que Krimpen inventou. A 20 de Outubro de 1958 Jan Van Krimpen falece em Haarlem. Walter Tracy, na sua obra Letters of Credit, afirmou que os seus tipos eram demasiados pobres e que apresentavam bastantes problemas na tentativa de junta-los com os outros. Van Krimpen era mais um artista que um desenhador; e os seus tipos aproximavam-se mais da ideia que ele tinha na cabeça, que resolver as necessidades concretas da indústria gráfica. (Walter Tracy em Letters of Credit) Embora tivesse estudado e praticado caligrafia, os desenhos de letra de van Krimpen não punham em evidência essa destria. Van Krimpen disse a esse respeito: os tipos e a caligrafia são duas coisas essencialmente diferentes e a a influência caligráfica nos tipos não deve passar de ser uma força apenas subjacente. «Manter vivas formas tradicionais» este lema, aplicável a muitos desenhadores de typefaces holandeses, servirá também para resumir a essência dos tipos de van Krimpen. Jan van Krimpen nasceu em Gouda em 1892; estudou na Academia de Arte de den Haag (Haia). Foi, aliás como Jan Tschichold, fortemente influenciado pelo livro do calígrafo Edward Johnston Writing, Iluminating and Lettering. Com 31 anos era desenhador de tipos freelancer. A sua amizade com poetas tinha-o levado a editar pequenas edições de livros cuidadosamente desenhados. Foi o desenho de um selo do jovem van Krimpen que chamou em 1923 a atenção de Johannes Enschedé, director da Fundição Enschedé en Zonen. Para festejar as bodas de prata da rainha Wilhelmina preparou-se uma edição de selos de correio e o artista encarregado teve problemas em achar uma oficina tipográfica adequada. Van Royen, secretário-geral dos Correios holandeses, e amigo de van Krimpen, estabeleceu o contacto. Na empresa Enschedé en Zonena rentabilidade comercial estava assegurada pelos contratos do Estado para a impressão de selos e notas bancárias, mas a impressão de livros não funcionava em harmonia com a enorme qualidade de material tipográfico que a empresa possuia - o fundo histórico, e o espólio realizado pelo gravador de punções P.H. Rädisch. Quando Johannes Enschedé fez o conhecimento de van Krimpen em 1923, propôs este o desenho de um novo tipo, a gravar por Rädisch. Uma vez elaborado o novo typeface, van Royen sugeriu a sua utilização no Pavilhão holandês da Exposition des Arts Décoratifs et Industriels Modernes (Paris, 1925). Por esta razão, o tipo foi chamado Lutetia. A colaboração praticada neste typeface estabeleceu uma frutífera colaboração entre van Krimpen e Rädisch. Em 1928, Stanley Morison propõe a van Krimpen incorporar a Lutetia no catálogo da Monotype. Depois da criação da Lutetia, van Krimpen integra-se como typeface designer na Fundição Enschedé, onde trabalhou até à sua reforma. BibliografiaHeitlinger, Paulo. Tipografia: origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006. Página actualizada em 08.07.2007 |
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