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Jorge Barradas (18941971)Na sua obra gráfica são notórias as influências da Arte Nova e da Art Déco.
O «Barradinhas», Jorge Nicholson Moore Barradas, nasceu em Lisboa, em 1894, e faleceu em 1971. Frequentou a Escola de Belas-Artes, a partir de 1911, mas não concluiu o curso. Em 1911, conhece o director da publicação A Sátira, Joaquim Guerreiro, que o leva à Brasileira do Chiado e o introduz no meio artístico lisboeta. Na primeira exposição do Grupo dos Humoristas Portugueses em 1912, Barradas estreia-se com oito desenhos. Tinha então 17 anos e era o mais novo de todos os expositores. Participava assim numa tentativa da renovação gráfica inspirada nas publicações internacionais. O crítico da exposição, Nuno Simões, via no seu trabalho um futuro artista da elegância e do romance, com alguma ingenuidade e uma clara tendência para a observação da vida. Até 1924 fez ilustração, desenho humorístico e publicidade. Colaborou em vários jornais e revistas: ABC, Ilustração, Diário de Lisboa, Contemporânea, Ilustração Portuguesa, O Século Cómico, Atlântida, Magazine Bertrand, O Domingo Ilustrado, Acção, Papagaio Real, Sempre Fixe, entre muitas outras publicações.
Fundou, com Henrique Roldão, o quinzenário O Riso da Vitória, que foi uma brilhante publicação humorística. Foi director artístico do ABC a Rir, dando depois o lugar a Stuart de Carvalhais. Em 1915 participou na 1.ª Exposição dos Humoristas e Modernistas, realizada no Porto. Em Maio de 1920, a Ilustração Portuguesa já dá conta duma exposição individual de Jorge Barradas, no Automóvel Clube de Portugal, no edifício da Liga Naval em Lisboa.
E numa comparação com o grande mestre da caricatura portuguesa, acrescenta: Se Rafael Bordalo é o artista combativo da Sociedade Portuguesa, irónico e sarcástico sem temor, Barradas é o comentador dos ridículos e o anotador flagrante das visíveis passagens da fauna que a compõe. Ainda neste ano, concorre na 3.ª Exposição de Grupo de Humoristas Portugueses, no Salão do Teatro S. Carlos, com Stuart de Carvalhais, Emmérico Nunes, António Soares, Banha e Melo, Leal da Câmara, Cristiano Cruz, Rocha Vieira, Bernardo Marques, Lorenzo Aguirre, Larraga, Rubio, Pedro Aspiri, Vazques Diaz, entre outros, portugueses e espanhóis, numa exposição a todos os respeitos bem original e curiosa e que foi fartamente visitada, segundo a mesma Ilustração Portuguesa, de 19 de Julho de 1920. Jorge Barradas expôs ainda em Vigo (1922), e no ano seguinte, no Brasil. Jorge Barradas tinha um traço original e moderno, cheio de qualidades, de que são exemplo os desenhos que publicou nas primeiras páginas do Diário de Lisboa, do jornal Sempre Fixe ou do quinzenário humorístico O Riso da Vitória, que dirigiu, com os tipos alfacinhas (o mendigo, o ardina, o novo-rico, a burguesinha, a lavadeira) como protagonistas - relação que repetirá nos seus outros domínios artísticos.
Essa originalidade e modernidade estão igualmente patentes nas capas que fez para a revista ABC, o Magazine Bertrand ou para a Ilustração, com o corpo feminino, e sobretudo o rosto feminino, em lugar de destaque. Como pintor, a partir dos anos 30, Barradas destacou-se pela facilidade decorativa. Decorou o salão de festas do Pavilhão de Portugal na Exposição Ibero-Americana de Sevilha e colaborou nas decorações dos pavilhões portugueses nas Exposições Colonial e de Artes e Técnica de Paris. As suas telas de costumes valeram-lhe o título de «Malhoa 1930», dado por Artur Portela. Nos anos 40 e 50, obteve sucesso na cerâmica e na azulejaria recebeu, em 1949, o Prémio Sebastião de Almeida, do SNI; renovou, com Leitão de Barros, o gosto nos cenários de espectáculos populares. Decorou cafés de Lisboa, como o Portugal (ao Rossio), A Brasileira (Chiado) e deixou ainda uma vasta colecção de litografias sobre assuntos populares. Linksflickr.com/photos/gatochy/sets/72157611505157037/with/3132358390/ hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ BibliografiaAntónio Rodrigues, Jorge Barradas, Lisboa, INCM, 1995 Arte Portuguesa no Tempo de Fernando Pessoa, 1910-1940, Zurique, Stemmle, 1997. França, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, Bertrand Editora, 1991. . |
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