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Raphael Bordallo Pinheiro (1846 – 1905)

Ilustrador de dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e docente. Artista da Litografia.

Um nome que está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio levando a uma visibilidade nunca antes atingida.

Autor da figura popular Zé Povinho que se veio a tornar num símbolo do povo português.

Nasceu em 1846 em Lisboa. Cedo ganha o gosto pelas artes. Em 1860 inscreve-se no conservatório e posteriormente matricula-se sucessivamente na Academia de Belas Artes (desenho de arquitectura civil, desenho antigo e modelo vivo), no Curso Superior de Letras e na Escola de Arte Dramática, para logo de seguida desistir.

Começa por tentar ganhar a vida como artista plástico com composições realistas apresentando pela primeira vez trabalhos seus em 1868 na exposição promovida pela Sociedade Promotora de Belas-Artes, onde apresenta 8 aguarelas inspiradas em costumes e tipos populares.

Em 1871 recebe um prémio na Exposição Internacional de Madrid. Paralelamente vai desenvolvendo a sua faceta de ilustrador e decorador.

Em 1875 cria a figura do Zé Povinho, publicada n'A Lanterna Mágica.

No Brasil

Em 1875 parte para o Brasil onde colabora em alguns jornais e a enviar a sua colaboração para Lisboa, voltando a Portugal em 1879 e lança O António Maria.

Litografia

Como litógrafo, Bordalo Pinheiro deixou um legado notável. Compôs desenhos para almanaques, anúncios e revistas estrangeiras como El Mundo Comico (1873-74), Ilustrated London News, Ilustracion Española y Americana (1873), L'Univers Illustré e El Bazar.

Fez desenhos em álbuns de senhoras, foi o autor de capas e de centenas de ilustrações em livros, e em folhas soltas deixou portraits-charge de diversas personalidades.

Começou a fazer caricatura por brincadeira como aconteceu nas paredes dos claustros do edifício onde dava aulas o Professor Jaime Moniz, onde apareceram, desenhados a ponta de charuto, as caricaturas dos mestres.

Mas é a partir do êxito alcançado pel'O Dente da Baronesa (1870), folha de propaganda a uma comédia em 3 actos de Teixeira de Vasconcelos, que Bordalo entra definitivamente para a cena do humorismo gráfico.

Dotado de um grande sentido de humor, mas também de uma crítica social bastante apurada e sempre em cima do acontecimento, caricaturou todas as personalidades de relevo da política, da Igreja e da cultura da sociedade portuguesa.

Apesar da crítica demolidora de muitos dos seus desenhos, as suas características pessoais e artísticas cedo conquistaram a admiração e o respeito público que tiveram expressão notória num grande jantar em sua homenagem realizado na sala do Teatro Nacional D. Maria II, em 6 de Junho de 1903 que, de forma inédita, congregou à mesma mesa praticamente todas as figuras que o artista tinha caricaturado.

Na sua figura mais popular, o Zé Povinho, conseguiu projectar a imagem do povo português de uma forma simples mas simultaneamente fabulosa, atribuindo um rosto ao país.

O Zé Povinho continua ainda hoje a ser retratado e utilizado por diversos caricaturadores para revelar de uma forma humorística os podres da sociedade.

Cerâmica nas Caldas da Rainha

Experimenta em 1885 trabalhar o barro e começa o fabrico da louça artística das Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.

Após a constituição da fábrica de faiança das Caldas da Rainha, Bordalo Pinheiro dedica-se à produção de peças de cerâmica.

Jarras, vasos, bilhas, jarrões, pratos e outras peças demonstram um labor criativo e decorativista.

Mas Bordalo não se restringiu apenas à fabricação de loiça ornamental. Além de ter desenhado uma baixela de prata da qual se destaca um originalíssimo faqueiro que executou para o 3º visconde de S. João da Pesqueira, satisfez dezenas de pequenas e grandes encomendas para a decoração de palacetes: azulejos, painéis, frisos, placas decorativas, floreiras, fontes-lavatório, centros de mesa, bustos, molduras, caixas, e também broches, alfinetes, perfumadores, etc.

No entanto, a cerâmica também não poderia excluir as figuras do seu repertório. A par das esculturas que modelou para as capelas do Buçaco representando cinquenta e duas figuras da Via Sacra, Bordalo apostou sobretudo nas que lhe eram mais gratas: O Zé Povinho (que será representado em inúmeras atitudes), a Maria Paciência, a mamuda ama das Caldas, o polícia, o padre tomando rapé e o sacristão de incensório nas mãos, a par de muitos outros.

Embora financeiramente, a fábrica se ter revelado um fracasso, a genialidade deste trabalho notável teve expressão nos prémios conquistados: uma medalha de ouro na Exposição Colombiana de Madrid em 1892, em Antuérpia (1894), novamente em Madrid (1895), em Paris (1900), e nos Estados Unidos, em St. Louis (1904).

O Jornalista
Capa do primeiro jornal de crítica diário: A Lanterna Mágica

Rafael Bordalo Pinheiro destacou-se sobretudo como um homem de imprensa. Durante cerca de 35 anos (de 1870 a 1905) foi a alma de todos os periódicos que dirigiu quer em Portugal, quer nos três anos que trabalhou em terras brasileiras.

Semanalmente, durante as décadas referidas, os seus periódicos debruçaram-se sobre a sociedade portuguesa nos mais diversos quadrantes, de uma forma sistemática e pertinente.

Em 1870 lançou três publicações: O Calcanhar de Aquiles, A Berlinda e O Binóculo, este último, um semanário de caricaturas sobre espectáculos e literatura, talvez o primeiro jornal, em Portugal, a ser vendido dentro dos teatros.

Seguiu-se o M J ou a História Tétrica de uma Empresa Lírica, em 1873.

Todavia, foi A Lanterna Mágica, em 1875, que inaugurou a época da actividade regular deste jornalista sui generis que, com todo o desembaraço, ao longo da sua actividade, fez surgir e também desaparecer inúmeras publicações. Seduzido pelo Brasil, também aí (de 1875 a 1879) animou O Mosquito, o Psit!!! e O Besouro, tendo tido tanto impacto que, numa obra recente, intitulada Caricaturistas Brasileiros, Pedro Corrêa do Lago lhe dedica diversas páginas, enfatizando o seu papel.

O António Maria, nas suas duas séries (1879-1885 e 1891-1898), abarcando quinze anos de actividade jornalística, constitui a sua publicação de referência. Ainda fruto do seu intenso labor, Pontos nos ii são editados entre 1885-1891 e A Paródia, o seu último jornal, surge em 1900.

A seu lado, nos periódicos, estiveram Guilherme de Azevedo, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, João Chagas, Marcelino Mesquita e muitos outros, com contributos de acentuada qualidade literária. Daí que nestas publicações os textos e o material icónico se completem harmoniosamente.

Vivendo numa época de crise económica e política, Bordalo soube manter uma independência face aos poderes instituídos, nunca calando a voz, pautando-se sempre pela isenção de pensamento e praticando o livre exercício de opinião.

Esta atitude granjeou um apoio público tal que, não obstante as tentativas, a censura nunca logrou silenciá-lo. E, todas as quintas-feiras, dia habitual da saída do jornal, o leitor e observador podia contar com os piparotes costumeiros, com uma crítica a que se juntava o divertimento. Mas como era natural, essa independência e o enfrentar dos poderes instituídos originaram-lhe alguns problemas como por exemplo o retirar do financiamento d'O António Maria como represália pela crítica ao partido do seu financiador.

Também no Brasil arranjou problemas, onde chegou mesmo a receber um cheque em branco para se calar com a história de um ministro conservador metido com contrabandistas. Quando percebe que a sua vida começa a correr perigo, volta a Portugal, não sem antes deixar uma mensagem:

".... não estamos filiados em nenhum partido; se o estivéssemos, não seríamos decerto conservadores nem liberais. A nossa bandeira é a VERDADE. Não recebemos inspirações de quem quer que seja e se alguém se serve do nosso nome para oferecer serviços, que só prestamos à nossa consciência e ao nosso dever, - esse alguém é um infame impostor que mente." ( O Besouro, 1878)

 
Links

Museu de Cerâmica (Caldas da Rainha)

O Museu de Cerâmica foi criado oficialmente em 1983 e está instalado na Quinta Visconde de Sacavém, adquirida para o efeito pelo Estado em 1981 e situada na zona histórica de Caldas, próximo da antiga fábrica de Bordalo Pinheiro. A Quinta foi mandada construir, na década de 1890, pelo 2º Visconde de Sacavém, sendo constituída por um Palacete em estilo romântico revivalista, um edifício secundário e área ajardinada. Os jardins, de traçado romântico, constituem um interessante conjunto evocativo do gosto do final do século XIX, com as suas alamedas, floreiras e lagos, sendo de realçar as decorações cerâmicas que ornamentam todo o conjunto.

http://www.ipmuseus.pt/pt-PT/museus_palacios/ContentDetail.aspx?id=1098

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