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Hypnerotomachia poliphili (1499) — um novo tipo de livro

Aldus Manutius foi o editor que melhor definiu os padrões estéticos dos livros renascentistas - agora não só impressos com tipos móveis, mas também com um layout radicalmente diferente dos manuscritos da Idade Média, iluminados a cores.

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Sem dúvida que a Hypnerotomachia Polophili representa um dos momentos mais altos da arte do livro na Renascença; foi impresso na oficina tipográfica de Aldus Manutius em 1499, nessa data a imprensa mais prestigiosa de Veneza.

Aldus Manutius definiu uma tipografia para livros que continua actual e válida.

Manutius devotou-se completamente ao espírito da Grécia clássica. A partir de 1495, mandou imprimir com uma nova letra, a cursiva grega, edições dos clássicos da literatura grega na sua língua de origem. Assim, as letras gregas passaram a pertencer aos glifos integrados na nova técnica de imprimir com tipos móveis.

As primeiras obras impressas foram Heros e Leander de Musaeus e a Galeomyomachia. Entre 1495 e 1509, publicou obras da literatura clássica grega, entre elas de Aristóteles, Aristófanes, Tucidides, Sófocles, Herodóto, Xenofóne, Eurípides e Demóstenes. Depois de 1513, vão ao prelo obras de Platão, Pindar, Hesychius e Athenaeus.

Além dos textos gregos, Aldus publicou obras de Pietro Bembo, Poliziano, Dante, Petrarca, Plínio, Pontanus, Sannazzaro, Quintiliano, Valerius Maximus, Erasmo de Roterdão, e muitos mais.

Em princípios do século XVI fizeram-se as primeiras impressões multilingues, usando vários tipos de letras. As dificuldades apareciam na composição dos textos em vários idiomas, a caber numa só página, em concordância com o seu conteúdo. Este problema foi resolvido com espantosa precisão; foram realizadas obras tipográficas da mais alta qualidade técnica.

A edição aldina da obra Hypnerotomachia poliphili, considerada o primeiro “livro moderno”, foi composta com caracteres romanos (e em parte também gregos) e ilustrada com gravuras a monocromáticas.

A tipografia de Hypnerotomachia foi desenvolvida pelo bolonhês Francesco Griffo para o editor veneziano.

A obra, impressa exclusivamente a cor negra, marca uma notória mudança na estética dos livros, que, como é sabido, nos tempos medievais vinham guarnecidos de inúmeras ilustrações a cor e eram ornados com pomposas capitulares. Sem dúvida que Hypnerotomachia Polophili representa um dos momentos altos da arte do livro na Renascença; quando foi impresso em 1499, já a a oficina de Aldus Manutius era a mais prestigiosa de Veneza.

O facto de o livro ter sido editado em língua italiana, em vez de latim, mostra que o editor visava atingir um público mais vasto que a classe culta. A profusa ilustração – a obra inclui 170 xilogravuras de grande formato – também é um indicativo seguro que Aldus Manutius queria apelar ao gosto de um público menos erudito, que apreciava livros com imagens.

Curiosamente, a primeira edição do livro não foi grande sucesso; só bastante mais tarde é que a obra se transformou num autêntico “livro de culto”; as gravuras serviram então de modelo para a construção de diversos jardins maneiristas. Para uma discussão mais pormenorizada desta obra, consulte o excelente web-site da MIT Press: mitpress.mit.edu/e-books/HP/

Imprensa aldina

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Humanista entusiasta, Manutius devotou-se inteiramente ao espírito da Grécia clássica. Aldus reuniu ao seu redor sábios e compositores gregos; tanto em sua casa como na sua oficina falava-se grego.

A partir de 1495 mandou imprimir com uma nova letra, a cursiva grega, edições dos clássicos da literatura grega na sua língua de origem. Assim, as letras gregas passaram a pertencer ao corpo de caracteres usados na nova técnica de imprimir com tipos móveis.

A Imprensa aldina introduziu uma série de inovações no mundo da imprensa. Aqui foram compostos os primeiros livros de bolso, uma invenção muito ao gosto dos humanistas que viajavam muito.

Fizeram-se as primeiras experiências na impressão de obras multilingues, usando vários tipos de letras. As dificuldades apareciam na composição dos diferentes textos, que deviam caber numa só página, em concordância com o seu conteúdo. Este problema foi resolvido com espantosa precisão; foram realizadas obras de arte tipográficas da mais alta qualidade técnica e estética.

O livro «Hypnerotomachia poliphili»

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Hypnerotomachia Poliphili, Aldus Manutius

A edição da obra Hypnerotomachia poliphili, considerada o primeiro “livro moderno”, foi composto com caracteres romanos (e em parte gregos), e ilustrado com gravuras a preto e branco. A Hypnerotomachia é considerado um dos mais belos livros jamais impressos.

A tipografia deste livro foi desenvolvida pelo bolonhês Francesco Griffo para o editor veneziano. A combinação de texto e imagem dão provas de um finíssimo estilo e de invulgar sentido de harmonia e equilíbrio.

A obra, impressa exclusivamente a cor negra, marca uma mudança radical na estética dos livros, que na época medieval vinham guarnecidos de ilustrações a cor e ornados com pomposas iniciais.

A forma é sem dúvida, mas o conteúdo da obra não é particularmente notável; trata-se de um romance alegórico-místico, à moda antiquizante. É o relato de um bizarro sonho, atribuído ao monge dominicano Francesco Colonna, recheado de descrições de construções imaginárias da Antiguidade clássica.

O facto de o livro ter sido editado em língua italiana, em vez de latim, mostra que o editor queria atingir um público mais vasto que a classe culta.

A profusa ilustração – a obra inclui 170 belas xilogravuras – é indicativo seguro que Manutius queria apelar ao gosto de um público menos erudito, que apreciava livros com imagens.

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A combinação de texto e imagem dão provas de um finíssimo estilo gráfico e de um invulgar sentido de harmonia e equilíbrio.
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Aldo Manuzio foi, através da qualidade dos seus livros, um grande vulgarizador dos caractéres gregos; mas também dos latinos, ou romanos. O romano foi gravado por Francesco Griffo, para a impressão da obra De Ætna do cardeal Bembo.  

Os tipógrafos de Lyon copiaram descaradamente o estilo de Aldus Manutius, fazendo contrafacções das edições aldinas. Exemplos disso são as edições de Virgilio, 1501 e Dante, 1502. þ

Obras de Homero

Obras de Homero, edição de Manutius, tipo de letra grega cursiva.

Colecção Aldina na Biblioteca Nacional em Lisboa

Este fundo engloba 10 edições do século XV (integradas na colecção Incunábulos) e 247 do século seguinte, que fazem parte da secção de Reservados.

Bibliografia

Biblioteca Nacional, Edições Aldinas da Biblioteca Nacional: séc. XV e XVI. Introdução de José V. de Pina Martins; catalogação de Maria Valentina C.A. Sul Mendes para o século XV; Margarida Cunha, para o século XVI. Lisboa, Biblioteca Nacional, 1994.

Heitlinger, Paulo. Tipografia: origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006.

Links

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