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T I P O G R A F O S . N E T     by FreeFind
Reclamamos ao Reino Unido a devolução do livro de Gacon roubado em Faro em 1596! É em Portugal que deve estar o primeiro incunábulo impresso em Portugal.

Conforme se pode ler na página www.bl.uk/collections, publicada online pela British Library, este livro encontra-se em Londres. Citamos:

«One of the rarest incunables held in the collection, is a Pentateuch printed in Faro, 1487, that once belonged in Giuseppe Almanzi's library. It is the only known copy of the first book ever to be printed in Portugal (...)»

Quem se quiser associar à iniciativa de recuperação deste importantíssimo livro, faça o favor de mandar um email ao editor destas páginas Escreva um email a Paulo Heitlinger.

O Pentateuco impresso por Gacon

O primeiro livro impresso em Portugal veio do prelo de Samuel Gacon, editor judeu, operador da primeira oficina tipográfica, situada em Faro. Que evidências existem sobre a «migração» do único exemplar deste livro de Portugal para a Inglaterra? Porque é que o livro continua no Reino Unido?

History of the Book at Oxford

Em http://users.ox.ac.uk/~lina0897/emwo/hob.shtml pode-se ler informação sobre as origens da famosa Biblioteca Bodleiana:

Extensive collections in Oxford of Spanish and Portuguese books open a window on two major world empires.

Portuguese missionaries opened up contacts with Japan, and early accessions include three volumes of Noh plays printed in Japan in 1608-15. The first Chinese manuscript, of Confucius, was received in 1604, though the language was so little known that Bodley was unable to catalogue it and held it the wrong way up.
From the Western world, the Bodleian has not only some of the earliest books printed in New Spain but a remarkable collection of early Mexican manuscripts.

Imperial rivalries are recalled by Spanish books which the Earl of Essex presented to Bodley after plundering them on his Cadiz expedition.

But as soon as peace was concluded, one of Bodley’s agents went to seek out the latest attractions which included one of the only two surviving copies of the first edition of Cervantes’s Don Quixote. Early modern literary texts in French, German, Italian and other languages are well represented, with additional holdings in the Taylor Institution Library.
Thomas Bodley was a Hebrew scholar and the library included many Hebrew books from its first foundation. One Bodleian manuscript contains the first sonnet written in Hebrew. About 1608 Bodley asked an agent to collect ‘bookes in the Syriacke, Arabicke, Turkishe and Persian tongues, or any other language of those Esterne nations, bycause I make no doubt but in processe of time, by the extraordinarie diligence of some one or other student they may be readily understoode’; and in 1636 understanding was heightened by the establishment of a Chair in Arabic.
A manuscript of the Koran had been amongst the Bodleian’s first holdings when it opened, and the library has a copy of the first printed book in Arabic type, dating from 1514. Bodley’s vision of the republic of letters was a truly global one. Fuller details can be found in "The Bodleian Library: A Subject Guide to the Collections", ed. Gregory Walker, Mary Clapinson and Lesley Forbes (Oxford, 2004).

Porque é que as "nossas" autoridades não reclamam a devolução?

Uma razão pela qual as autoridades do Algarve não reclamam a devolução do Pentateuco impresso por Gacon — e dos outros valiosos livros de origem portuguesa hoje presentes na Biblioteca Bodleiana — é o profundo desprezo que votam ao património histórico e cultural.
Basta dar um pequeno passeio pela cidade de Faro para perceber o atentado que se está a dar ao património urbanístico da capital do Algarve.
Os atentados à Natureza e ao meio ambiente do Algarve são de dar calafrios a qualquer cidadão sensivel à importância do legado natural e do património histórico.

Nem vale a pena mencionar aqui qualquer detalhe da grande vergonha e demonstração de incompetência que se intitulou "Faro - Capital da Cultura".

É claro que as autoridades responsáveis por estas políticas sempre se recusarão de intervenir a nível oficial junto das autoridades britânicas. Apenas uma iniciativa vinda «de baixo» poderá exercer a necessária pressão.

Temos nós condições para receber o livro, caso fosse devolvido?

Óbviamente que a capital do Algarve não possuiu nos seus Museus, Bibliotecas ou Faculdades qualquer infraestructura adequada para receber esse valioso livro e facilitar o seu acesso aos estudiosos e ao público. Não seria então melhor deixá-lo no Reino Unido, junto com os outros valiosos livros que Bodley «coleccionou»?

Não, claro que não. Mas este livro é um valioso testemunho dos tempos em que Portugal foi uma nação multicultural, onde viviam cristãos, islamitas e judeus, onde se falava português, latim, árabe e hebraico.

Trazer este livro de volta para Portugal seria um sinal para mostrar que desejamos um país aberto a todas as culturas, que queremos tolerar e conviver com todas as culturas que venham até nós...

Trazer o livro para Portugal seria mostar quão desumana foi a política de Manuel I, quando exigiu a expulsão dos judeus e sua conversão forçada ao Catolicismo...

O livro poderia ser facilmente copiado com tecnologia moderna, e desta maneira, estaria acessível a todos os estudiosos...

Links

Sir Thomas Bodley and his Library www.oxfordtoday.ox.ac.uk/2001-02/v14n2/03.shtml

John Bill, agente librero de sir Thomas Bodley www.patrimonionacional.es/RealBiblioteca/avisos4504.htm

Luis Guerreiro sobre Piratas: luismguerreiro.blogspot.com/2005/06/piratas.html

Lista de (alguns) judeus de Portugal pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_judeus_de_Portugal

O livro em questão:

PGacon

O Pentateuco de Gacon foi concluído em 30 de Junho de 1487. Trata-se de um impressão em 110 fólios, com composição de 30 – 32 linhas.

O prototipógrafo Gacon utilizou tipos metálicos móveis com caracteres hebraicos, letras quadradas e elegantes, de dois tamanhos, sendo a maior usada no texto e a outra, mais larga, nas rubricas.

Bibliografia

Heitlinger, Paulo. Tipografia: origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006.

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