Na chancelaria manuelina
esta caligrafia foi usada para escrever os forais passados às cidades e
às vilas de Portugal.
A fonte digital é uma criação
inédita. Pela primeira vez a nível mundial é
apresentada um fonte digital da chancelaria manuelina. |
Na fonte digital foram integradas variantes, e também
as ligaduras mais frequentemente usadas em letras góticas, assim como
versões ornamentadas de maiúsculas.
Aproveitando os recursos OpenType, as variantes estão
localizadas nas opções Swash e Stilistic Alternates.
Folha de specimens + Artigo sobre o
enquadramento histórico desta letra. |
Como registo da «reforma» foraleira
lançada pelo rei Venturoso (Manuel I), ficaram preservados em
Câmaras Municipais, Arquivos Distritais, Museus Regionais, Bibliotecas
Municipais e na Torre do Tombo em Lisboa inúmeros pergaminhos com os
textos originais um acervo de elevado interesse histórico e de
grande qualidade artística.
A qualidade gráfica dos pergaminhos que serviram para
redigir cerca de 500 Forais Novos são um pináculo da arte
caligráfica em Portugal.
Se bem que tenham sido publicados numerosos estudos sobre os
conteúdos dos forais emitidos pela chancelaria manuelina, a laudatio da
forma caligráfica ficou por fazer.
Para preencher essa lacuna, o artigo no
Caderno de Tipografia N.
18 analisa várias dezenas de páginas dos códices
manuelinos, e apresenta uma primeira versão digital da caligrafia usada
nos forais: a fonte Letra de Foral.
Nos últimos anos têm-se (re-)publicado os
forais manuelinos de muitas cidades portuguesas.
Mais importante ainda atendendo às
possibilidades de digitalizar a letra caligráfica usada nos forais
é o facto que agora temos scans acessíveis online.
Por exemplo: da Leitura Nova, os Forais Novos da
Estremadura; Livro 5 estão acessíveis em
digitarq.dgarq.gov.pt?ID=4223239. |
Todos os forais outorgados por Manuel I foram escritos no
âmbito da reforma administrativa que se prolongou de 1497 a 1520 e
abrangeu 570 concelhos.
Nos volumes da Leitura Nova (que finalmente,
já estão acessíveis online), mas também nos forais
manuelinos guardados em arquivos municipais detectamos uma padrão de
escrita da chancelaria régia manuelina muito próximo da
Gótica rotunda.
Apesar das diferenças entre as diversas
«mãos» que caligrafaram estes documentos, os escribas
produziram um tipo de escrita de chancelaria relativamente homogéneo nas
cinco centenas de forais (!) que foram emitidos durante os reinados manuelino e
joanino.
p. Heitlinger: "Comparando as formas das letras (por vezes
mais elegantes e regulares, por vezes mais toscas e apressadas) dos forais de
Ansião, Évora, Loulé, Albufeira, Silves, Manteigas e
outras mais cidades, produzi uma fonte digital para celebrar esta letra da
chancelaria régia do século xv."
No original do foral manuelino de Loulé, pode ser
analisado e fotografado em pormenor os detalhes das letras. Os riscos muito
finos que rematam várias formas de letra são especialmente bem
visíveis nas faces «boas» do pergaminho usado.
Esta letra caligráfica acentuadamente redonda, com
maiúsculas marcadamente largas E C M D J O P Q R S T
ocorre em outros documentos da época manuelina; por exemplo, na
Chronica do Muito Alto e Muito Esclarecido Príncipe D. Afonso
Henriques, Primeiro Rey de Portugal, escrita pelo cronista e diplomata
Duarte Galvão (1435 1517) e oferecida a Manuel I, outro valioso
pergaminho manuelino, com iluminura portuguesa, enriquecido com letras
capitulares iluminadas, decoradas com motivos vegetais, a cores e a ouro.
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