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Livro de Kells

O Livro de Kells (em inglês: Book of Kells; em irlandês: Leabhar Cheanannais), também conhecido como Grande Evangeliário de São Columba, é um manuscrito ilustrado com motivos ornamentais, feito por monges celtas por volta do ano 800, no estilo conhecido por arte insular.

Peça principal do cristianismo irlandês e da arte hiberno-saxónica, um dos mais sumptuosos manuscritos iluminados da Idade Média.

Pela sua grande beleza e da excelente técnica do seu acabamento, este manuscrito é considerado por muitos especialistas como um dos mais importantes testemunhos da arte religiosa medieval. Escrito em latim, o Livro de Kells contém os quatro Evangelhos do Novo Testamento, além de notas preliminares e explicativas, e numerosas ilustrações e iluminuras coloridas.

O Livro de Kells é o mais ilustre representante de um grupo de manuscritos do estilo insular produzidos entre o final do século VI e o início do IX, nos monastérios da Irlanda, Escócia e do norte da Inglaterra.

Estão entre eles o Cathach de São Columba, o Ambrosiana Orosius, um fragmento de evangelho na biblioteca da catedral de Durham (todos do início do século VII), e o Livro de Durrow (da segunda metade do século VII).

No começo do século VIII foram produzidos os Evangelhos de Durham, os Evangelhos de Echternach, os Evangelhos de Lindisfarne e os Evangelhos de Lichfield.

Todos estes manuscritos apresentam semelhanças do ponto de vista do estilo artístico, da escrita e das tradições escritas, as quais têm possibilitado reagrupá-los na mesma família.

O estilo plenamente conseguido das colorações coloca o Livro de Kells entre as obras mais tardias desta série, por volta do final do século VIII ou início do IX, ou seja, na mesma época do Livro de Armagh.

A obra respeita a maioria das normas iconográficas e estilísticas presentes nestes escritos mais antigos: por exemplo, a forma das letras decoradas que iniciam cada um dos quatro Evangelhos é muito semelhante entre todos os manuscritos das Ilhas Britânicas compostos nesta época. Possuem intrincados desenhos decorativos no interior dos contornos das letras iniciais do texto.

O Livro de Kells deve seu nome à abadia situada em Kells, no condado de Meath, Irlanda. A abadia, onde conservou-se o manuscrito por um grande período da Idade Média, foi fundada no início do século IX, na época das invasões vikingues.

Os monges eram originários do monastério de Iona, uma das ilhas Hébridas situada em frente à costa oeste da Escócia. Iona possuía uma das comunidades monásticas mais importantes da região desde que São Columba, o grande evangelizador da Escócia, a havia tornado seu principal centro de irradiação no século VI.

Quando as incursões vikingues tornaram a ilha de Iona demasiado perigosa, a maioria dos monges partiram para Kells, que se converteu assim no novo centro das comunidades fundadas por Columba.

Produziram-se, pelo menos, cinco teorias diferentes sobre a origem geográfica do manuscrito. Na primeira, o livro poderia ter sido escrito em Iona e trazido às pressas para Kells, o que explicaria a razão dele nunca ter sido concluído.

Na segunda, sua redação poderia ter-se iniciado em Iona antes de ser continuada em Kells, onde teria sido interrompida por algum motivo ignorado. Outros pesquisadores aventuram que o manuscrito poderia ter sido totalmente escrito na scriptoria de Kells.

Uma quarta hipótese situa a criação original da obra no norte da Inglaterra, possivelmente em Lindisfarne, antes de ser levada até Iona e depois para Kells. O Livro de Kells, finalmente, poderia ter sido produzido em um monastério desconhecido na Escócia.

Embora a questão da exata localização da produção do livro provavelmente nunca seja respondida de maneira conclusiva, a segunda teoria baseada na dupla origem de Kells e Iona é actualmente a mais amplamente aceita. Por outro lado, o certo é que o Livro de Kells foi produzido por monges pertencentes a uma das comunidades de São Columba, que mantinham estreitas relações com o monastério de Iona.

O manuscrito encontra-se exposto permanentemente na biblioteca do Trinity College de Dublin, República da Irlanda, sob a referência MS A. I. (58).

Esta página (fólio 292) contém o texto ricamente decorado da introdução (incipit) ao Evangelho segundo João.

Página actualizada em 13.2009

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