Logo
             
T I P O G R A F O S . N E T     by FreeFind

Christophe Plantin (1520-1589)

Christoffel Plantijn

O mais famoso impressor do século XVI tinha a sua oficina em Antuérpia. Filipe II de Espanha distinguiu Plantin com o cobiçado título de Arquitipógrafo Real.

cp

O já na sua época célebre e famoso, Christophe Plantin nasceu em Saint-Avertin, na França. Com 35 anos, este francês de origem humilde decidiu estabelecer-se em Antuérpia em 1549, onde um acidente o forçou a renunciar ao mister de encadernador, que então trocou pelo de impressor. Com esta actividade alcançou fama, através da publicação de missais e de livros de música.

A obra que consagrou Plantin definitivamente, foi a famosa Bíblia Régia, encomendada por Filipe II de Espanha, que começou a ser impressa em 1568 e foi acabada em 1572 (leia mais em baixo).

Com falta de espaço, Plantin construiu em 1570 em Antuérpia o sólido edifício onde instalou definitivamente a sua oficina, à qual deu o nome de Compasso de Ouro, tal como o seu escudo e armas. Nesta oficina funcionavam continuamente 22 prelos; não havia dúvida de que a tipografia se transformara em indústria. Um indústria reconhecida; nesse ano, Filipe II distingue Plantin com o cobiçado título de Arquitipógrafo Real.

op

Dodoens, Rembert, 1516-1585 - Plantin, Christophe, imp.

Colaboração com tipógrafos franceses

Para sustentar e manter a melhor qualidade tipográfica possível, Plantin comprou matrizes a Claude Garamond e a outros peritos franceses.

François Guyot (1510-1570) foi outro gravador de punções francês, nascido em Paris, que contribuiu para o sucesso de Plantin.

Guyot foi para Antuérpia na década de 1530 e aí passou o resto da sua vida, gravando letras para Plantin e outros impressores. Na oficina trabalham igualmente os seus sucessores, nomeadamente o seu genro Moretus.

Robert Granjon teve uma longa colaboração (1563–70) com Christophe Plantin em Antwerpen; os seus tipos foram usados na Bíblia Poliglota que Plantin imprimiu. Plantin mandou gravar para esta complicada obra os caracteres necessários; fazendo as encomendas a Robert Granjon e Guillaume Le Bé, em Paris.

O seu neto Baltazar Moretus foi outro destacado tipógrafo, tendo trabalhado com o célebre pintor Peter Paul Rubens, que gravou muitas estampas para os seus livros.

Da oficina saíam livros magníficos, pautas de música e excelente material cartográfico — trabalhos bem pagos em toda a Europa. A oficina Plantin-Moretus continuou activa até 1867, ano em que foi vendida por Eduard Moretus à cidade de Antuérpia.

pl

Neste edifício foi instalado o hoje famoso Museum Plantin-Moretus, um dos mais completos museus de tipografia clássica e das artes gráficas de todo o mundo; está aberto ao público como museu regular. Para o conhecer melhor, consulte o site oficial em http://museum.antwerpen.be/

A Bíblia Poliglota de Antwerpen

A edição e impressão de uma Bíblia poliglota representa (não só no século xvi) uma tarefa complexa, que tem que recorrer a múltiplas competências. Desde 1566, Christophe Plantin nutria o projecto de renovar e superar a Poliglota de Alcalá, obra já esgotada no mercado livreiro.

O ambicioso projecto concretizou-se quando o cardeal de Granvelle, protector de Plantin, conseguiu assegurar a intervenção de Filipe II, rei de Espanha e Portugal, que financiou e seguiu o projecto de perto. Daí ter ficado conhecida como Bíblia Real ou Bíblia de Filipe II.

Filipe nomeou Arias Montanus para supervisionar o trabalho e corrigir provas. Este sábio espanhol chegou a Antuérpia em Maio de 1568. O resultado, pronto em 1572, foi impressionante: a edição poliglota dispõe em todos as páginas o mesmo texto, composto em quatro idiomas (grego, latim, hebreu e caldeu) – uma façanha de composição hoje impossível de igualar, mesmo com o mais sofisticado software de paginação.

poliglota

A Bíblia poliglota de Plantin dispõe em todos as páginas o mesmo texto, composto em quatro idiomas (grego, latim, hebreu e caldeu) – uma façanha de composição hoje impossível de igualar, mesmo com o mais sofisticado software de paginação.

Christophe Plantin mandou gravar especialmente para esta obra os caracteres necessários, a Robert Granjon e Guillaume Le Bé, em Paris. Para o texto hebraico recorreu aos caracteres usados para a Bíblia de Bomberg.

Não só os tipos metálicos, mas também o papel eram melhores que os da Poliglota de Alcalá. Para obter essa qualidade de papel, Plantin teve de investir no arriscado projecto parte da sua fortuna pessoal.

Arias Montanus juntou as diversas versões nas línguas necessárias; aliás, tinha em sua posse um manuscrito hebreu muito antigo. Bem prevenido, pois era conhecedor das práticas da Inquisição, Montanus pediu a colaboração dos mais acreditados teólogos da época: André Maes, François de Bruges, Guy Le Fèvre, François Ravlenghien, Jean Willem, dito Harlemius, etc.

A impressão começou no mês de Julho de 1568. O primeiro volume foi acabado no dia 1 de Março de 1569; a obra total seria acabada no dia 31 de Maio de 1572.

Foram 60 (!) os tipógrafos em funções para executar esta obra, trabalhando continuamente no projecto quatro anos. Plantin imprimiu 1.213 exemplares desta extraordinária façanha tipográfica.

pp

Bíblia Poliglota, rosto. Biblia sacra hebraice, chaldaice, graece & latina. - Antuerpiae : Chritophe Plantinum, 1568-1573. RES. 2896 A.

Dos 8 volumes foram tirados 960 exemplares normais, 200 extra, 30 finos, 10 extra-finos e 13 sobre pergaminho imaculado, que foram oferecidos ao rei mecenas. Várias críticas da parte dos papas católicos forçaram Christophe Plantin a fazer uma reimpressão em 1572/1573.

Apesar disso, a obra não pôde ser vendida! A escolha de Arias Montanus tinha despertado ciúmes. Léon de Castro, professor de línguas orientais na Universidade de Salamanca, denunciou-o à Inquisição espanhola, acusando-o de haver apresentado a tradução de Pagnini como a versão mais exacta dos textos gregos e hebreus, e – pior ainda! – de haver recomendado a consulta de textos originais...

Arias Montanus defendeu-se em 1576; Mariana, o inquisidor, acabou por declarar que os erros não eram suficientemente graves para condenar a Poliglota do Rei de Espanha.

A questão só chegou a seu termo em 1580. Finalmente lançada no mercado livreiro, a Bíblia Régia foi muito bem recebida em toda a Europa católica e aprovada pelas mais importantes universidades...

Outros impressores famosos, dessa época

BN — Plantiniana

A Coleccção Plantiniana é um acervo constituído por 324 obras editadaspor CP. Este conjunto engloba espécies impressas em Antuérpia e Leiden entre 1555 e 1589. Contém três edições desconhecidas até 1990. A colecção da BN pode figurar logo após as grandes colecções da Bélgica, da British Library e Bibliothèque Nationale de Paris. www.bn.pt/

Maria Emília Lavoura. Christophe Plantin na Biblioteca Nacional de Lisbo. In : Revista da Biblioteca Nacional.S.2.Vol. 5(2) 1990.

Links

gateway.uvic.ca/spcoll/physiologum/commentary/bio_plantin.htm

Bibliografia

Early type specimens in the Plantin-Moretus Museum: annotated descriptions of the specimens to ca. 1850 (mostly from the Low Countries and France) with preliminary notes on the typefoundries and printing offices / John A. Lane. New Castle, Del.: Oak Knoll Press; London: British Library, 2004.

DURME, M. VAN. Supplement a la Correspondance de Christophe Plantin. Anvers, De Nederlandsche Boekhandel, 1955. 8vo, pp. 408. Oorspronkelijk omslag. Supplement op "Correspondance de Christophe Plantin", 8 delen, uitgegeven door M. Rooses en J. Denucé van 1883 tot 1920. Met chronologische lijst van documenten, lijst van boeken door Plantijn gedrukt die in dit supplement ter sprake komen, bibliography en alfabetische index. Publicatie van de Vereeniging der Antwerpsche Bibliophielen.

Plantin, Christopher; Nash, Ray. Account of calligraphy & printing in the sixteenth century / from dialogues attributed to Christopher Plantin, printed and published by him in Antwerp in 1567. Cambridge, Mass.: Dept. of Printing and Graphic Arts, Harvard College Library, 1940 (Boston : Merrymount Press).

Plantin, Christopher; Rooses, Max; van Durme, Maurice. Correspondance de Christophe Plantin. Nendeln, Liechtenstein Kraus Reprint, 1968. The correspondence of Plantin from 1558 to 1589, from the archives of the Plantin-Moretus Museum. Volume 8/9 covers correspondence from 1586 to 1589.

Sorgeloos, Claude. Labore et constantia: a collection of 510 editions issued by Christopher Plantin from 1555 till 1589. Brussels : E. Speeckaert, 1990.

Vervliet, Hendrik D. L. Reproductions of Christopher Plantin's Index sive specimen characterum 1567 & Folio specimen of c.1567, together with the Le Bé-Moretus Specimen, c.1599. London, Bodley Head, 1972.

Voet, Léon. The Golden Compasses. A History and Evaluation of the Printing and Publishing Activities of the Officina Plantiniana at Antwerp. Amsterdam: Van Gendt; New York: Abner Schram, 1969-c1972]. The standard history of the Plantin Press, by the late director of the Plantin-Moretus Museum in Antwerp.

Voet, Léon; Voet-Grisolle, Jenny. The Plantin Press (1555-1589): a bibliography of the works printed and published by Christopher Plantin at Antwerp and Leiden. Amsterdam : Van Hoeve, 1980-1983.

Heitlinger, Paulo. Tipografia: origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006.

Topo páginaTopo página

Quer usar este texto em qualquer trabalho jornalístico, universitário ou científico? Escreva um email a Paulo Heitlinger.

copyright by algarvivo.com