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João de Barreira

Foi o tipógrafo mais laborioso do século XVI, são cerca de 100 as obras impressas nos locais onde manteve a sua actividade: Braga, Coimbra e Lisboa.

Temos notícia deste impressor apenas em 1452, quando aparece em Coimbra, onde inicia uma parceria com João Álvares, que se manterá até à morte deste.

Apesar desta sociedade, também trabalhará por conta própria, aparecendo várias dezenas de edições de obras rubricadas exclusivamente com o seu nome.

Desconhece-se onde aprendeu o seu ofício, embora se especule que fosse em Lisboa ou Espanha. Há quem o considere de ascendência espanhola, ligando-o a uma família notável de impressores espanhóis com o mesmo apelido, em que se distinguiram Alonso Barrera (Sevilha, 1569) e André Barrera (Córdova, 1598).

Em Lisboa, a sua oficina era junto ao arco da Rua de S. Mamede. Crê-se que, juntamente com João Álvares conseguiu adquirir o material tipográfico de Luís Rodrigues, já que é certo que empregaram alguns frontispícios usados por este impressor e a sua própria divisa tipográfica – o dragão alado e enroscado, com a legenda Salus vitæ.

Usou as mesmas marcas que João Álvares e, também como este, serviu-se, nas suas impressões, de caractéres góticos, redondos e itálicos.

Além de impressor de el-rei e da Universidade, João de Barreira também foi impressor da Companhia de Jesus, embora não ostentasse esse título, nem fosse o único preferido.

Detinha o privilégio para as seguintes impressões: por dez anos, para as obras de D. João de Castro Soares, bispo de Coimbra, sobre S. Mateus contra as heresias; por oito anos, para as obras dos padres do Colégio das Artes e da Universidade tanto de lógica como de philosophia e outras de verso e prosa e algumas orações e prosas e comédias; por quatro anos para o Manual de Orações que fez traduzir do Castelhano.

João de Barreira era versado nas artes literárias, como o comprova a Historia das Cousas que o mui esforçado capitão Dom Christouão fez nos Reynos do Preste João, impressa por ele em 1564 em Lisboa.

Na dedicatória a D. Francisco de Portugal demonstra que não era inexperiente no uso da arte de bem manejar a pena. Também na Meditaçam da innocentissima morte e payxam de nosso señor em estilo metrifiado, impressa em Coimbra no ano de 1547, o bispo de Leiria, Dom Brás, tece elogios ao impressor autorizando a inserção de alguns versos de sua autoria.

Pode ler-se no final da obra:

E depois de ser empremida mandou a mi Joam de barreyra empressor del Rey nosso señor em esta catholica Universidade que ajuntasse aa mesma meditaçam as seguintes trovas, por lhe parecerem devotas e proveitosas especialmente pera muytos religosos e religiosas que sam grandes músicos, e por falta de cousas espirituaes tangem e cantam cousas seculares e profanas.

Faleceu em Coimbra, em 1590, sucedeu-lhe como impressor privilegiado da Universidade, o seu filho António de Barreira, que seguiu o ofício do pai.

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